Ao fim de tudo, por trás de um sorriso, a ilha não se curva e a vida... Ah, a vida tem dessas coisas.
terça-feira, 26 de abril de 2011
De duas uma
Escute o silêncio, que por cego ficou mudo. Sinto e ouço teus mais ocultos sentimentos e apuros. O tempo é uma criação da fantasia, anos demoram um segundo, um segundo demora anos. O restante da eternidade traduz a leveza de uma angustia sob o pôr-do-sol da tempestade. A poesia do desatino se torna pura e ingênua aos céticos olhos de quem sonha ante a lua. Não perdure minha dor, meu poema já virou amor.
Por três vezes me ajoelhei
Pode ser realmente estranho, mas eu vi pedras rindo para as paredes na noite de um mesmo luar. Desde esse segundo, o tempo se tornou um obsoleto relógio que marca uma eternidade. Eu só sabia que não sabia como é saber exatamente o que se sabe, é infame. Era um mar dotado de beleza e confrontos entre elos seduzidos de contrários nefários. Naquela hora não existia verdade nem mentira, só havia um eloquente relativo de um absoluto que não era visto por ninguém do salão. O seu coração batia rápido, ia em direção ao porto sob uma bruma impiedosa. Ainda no salão eu olhava a minha volta, havia pessoas conversando com alto tom de voz. Eu olhava a minha volta e escutava uma melodia que ninguém ouvia, ouvia palavras que ninguém dizia. Eu estava louca? Não, era o meu coração recitando uma poesia que declamava algumas flores insólitas. Meu coração me dizia que estaria ao meu lado por toda vida. Sete dias e sete noites sonhei, a fim de esquecer minhas desventuras. A solidão ainda se atrevia a desejar e o desejo ainda ousava em existir. Talvez eu ache quem me cure, alguém que vem em um barco sem vela nem remos. Estava por vir em um mar à revelia. Pela manhã o sol era frio e errante, o ar tremia. Tampouco a felonia daquela manhã pálida rompeu o dia e então a noite despontou. O clamor da lua alegrava os olhos de quem contava estrelas sob sua luz. A noite não é triste como dizem por aí. Quem ignora o anoitecer, ao contemplá-lo sente uma paz extrema que o sol não traz. A minha vida se resumia naquele momento, o rumor ecoava pelo recinto. Era um esplendor de misericórdia de um arcanjo mal amado, a sátira de um Êxodo maldito, mal dito. Eram palmas em coro igual quando um cantor magnífico sobe ao palco. A platéia dos meus olhos estremecia de desprezo. É uma cruel alegria e uma angustia sem fim. Minha voz estava em silêncio, alheia a tudo, em êxtase. Lastimei exasperada, aquele amor e afeto que tomava o meu coração doía mais que o ódio. Não culpo quem ama, mas me atormenta o fato de que, assim como a morte, o amor também é fatal.
O artista e sua lâmpada
Garanto que não garanto nada. Dependo de alguém, mas nada garante que ir adiante é o melhor destino. Queria saber quem é o nada, já que o nada é alguém. O martírio onisciente alude a lucidez à flor da pele. Messias me disse que o juízo final era logo na esquina, e foi. Por um momento o impulso me expulsou da história que levo na mão. Foi um tempo de doçura fel que por desventura caiu no abismo da decadência do equilíbrio sereno entre a vida e a morte. Eram lembranças de memórias que não existem. A saudade é muito sublime, o que eu sentia era um egoísmo enorme da minha parte. No meu sorriso nasceu uma flor cuja a unica pétala que restava estava escrito em sangue: "A solidão é um muro entre dois jardins". A angustia era da primeira vista, o diabo ainda era um anjo. Eu pensei com o coração, mas à nenhuma razão cheguei. O meu coração é um ladrão. A canção me citava a utopia de um sonho consumado. Eu só conseguia enxergar sorrisos à minha volta, sorrisos que me guiavam a um mundo obscuro de uma escuridão que de tão clara cegou meus olhos. O riacho de pedra guiava ao outro lado do jardim, mas não me conduzia. Escalei e me sentei no topo do grande muro. Me deparei com um reino distante, onde o amor era seu reinado. Era um rei mal coroado e não sabia que de tão cansado já morria. Minha coragem não me deixava seguir em frente, fiquei observando. Se passou uma eternidade, desci daquele gigante muro. A triste despedida teve medo ao partir. Veio-me recordações de momentos que parei para observar, algo que nunca tinha feito. Narrei a minha história por um momento. Minha mente refletia em aguas correntes que erros sempre repetem, pois nunca deixam de ser erros. Errei ao acreditar no que acreditei, ao olhar para a lua que já olhei, ao amar quem eu já amei. Voltei pela sombra de algumas árvores. Segui uma trilha que por instinto tive que trilhar, pois era tão escura que mal podia enxergar. Aquela escuridão iluminou a minha doente alegria de uma melancólica melodia que recitei noutro dia. Lágrimas se lamentavam pelos cantos da floresta e por fim a paz deu emboscada à fuga de um sonho mal sonhado. Amanheceu, o sol me trouxe um sorriso. Um riso que nem eu sabia que ainda existia. Eu devia estar alegre e satisfeita, mas acho que tudo que há de belo virou uma insípida piada. Atravessei alguns pântanos e descobri em calmos cumes um diamante tolo. Cheguei então a uma estrada bifurcada. Enxerguei inúmeras sombras espelhando estradas que já passei.
domingo, 17 de abril de 2011
Enquanto o sol nascer, a lua vai brilhar
O dia mentiu a noite, a saudade não sentia mais o instante. O vulto daquela sombra era um postulado de fraqueza, tristeza, e que seja. Uma sombra da vida, uma alma maldita. Era simples, serena e sem delonga. Dizia frases curtas, enquanto andava sobre a terra molhada pela chuva. Sentia o vento destruir teu corpo, a estrela iluminava seu rosto. Como um abraço terno, o mais belo momento, um adito templo. Emanava ali um sentimento imperfeito, a aflição inútil. Primeiro podia ser um sonho, talvez. Em seguida se precipitou em realidade, e secretamente almejei algo que nunca existiu. Aquela sombra era um devotado corpo sem alma. Um axioma profundo por fora, e em decadência suprema por dentro. Em sua mente passou-se uma lamúria condenada, um pensamento frenético. Mas o pensamento trai as palavras, desperta a rosa pálida que sangra só e inválida. Um imenso declínio, o anjo da morte morreu em meus braços. Eu o carreguei no colo, mas não havia caminho. Uma loucura constante me levou à direção contrária. Meu passado sussurrou uma santidade, um buraco no espaço do tempo. Implorei que deixasse cair a lágrima inerte. Vaguei em direção ao vazio infinito. O amor era a unica força que restava. Infame, essa força é um exílio da solidão, ou não. Então o dragão incessante do céu devorou os medos eternos. Na catedral, o senhor do mundo acendeu uma vela ao anjo, mas o suspiro da morte apagou-a. O fogo da vela sufocou o coração e quebrou a mentira em pedaços. O resto da vida continuava sem respostas nem verdades. A inocência derreteu, e a hora negra me arrepiou. A vida clamou um mísero grito, sendo apenas um pretexto do que era pra ser. Outrora, a morte respirou mais uma vez. As asas do anjo se abriram, soprou o meu rosto como um pedido de perdão, sorriu, segurou a minha mão, e então voou ao limbo em vão. Dali o impossível me criou, e o êxito se lamentou. A minha paz era profunda, mas sequer entendida. Toquei o infinito vago, a vida é uma memória, o tempo é a melancolia, e a eternidade uma história.
sábado, 9 de abril de 2011
Dispenso
O amor só é imortal quando aprende a morrer. E era sempre, sempre o mesmo novamente, a mesma traição. Eu tentei me entregar a outras paixões, mas não existe paixão. É do amor que sinto falta, do seu amor e mais nada.
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