domingo, 17 de abril de 2011

Enquanto o sol nascer, a lua vai brilhar

O dia mentiu a noite, a saudade não sentia mais o instante. O vulto daquela sombra era um postulado de fraqueza, tristeza, e que seja. Uma sombra da vida, uma alma maldita. Era simples, serena e sem delonga. Dizia frases curtas, enquanto andava sobre a terra molhada pela chuva. Sentia o vento destruir teu corpo, a estrela iluminava seu rosto. Como um abraço terno, o mais belo momento, um adito templo. Emanava ali um sentimento imperfeito, a aflição inútil. Primeiro podia ser um sonho, talvez. Em seguida se precipitou em realidade, e secretamente almejei algo que nunca existiu. Aquela sombra era um devotado corpo sem alma. Um axioma profundo por fora, e em decadência suprema por dentro. Em sua mente passou-se uma lamúria condenada, um pensamento frenético. Mas o pensamento trai as palavras, desperta a rosa pálida que sangra só e inválida. Um imenso declínio, o anjo da morte morreu em meus braços. Eu o carreguei no colo, mas não havia caminho. Uma loucura constante me levou à direção contrária. Meu passado sussurrou uma santidade, um buraco no espaço do tempo. Implorei que deixasse cair a lágrima inerte. Vaguei em direção ao vazio infinito. O amor era a unica força que restava. Infame, essa força é um exílio da solidão, ou não. Então o dragão incessante do céu devorou os medos eternos. Na catedral, o senhor do mundo acendeu uma vela ao anjo, mas o suspiro da morte apagou-a. O fogo da vela sufocou o coração e quebrou a mentira em pedaços. O resto da vida continuava sem respostas nem verdades. A inocência derreteu, e a hora negra me arrepiou. A vida clamou um mísero grito, sendo apenas um pretexto do que era pra ser. Outrora, a morte respirou mais uma vez. As asas do anjo se abriram, soprou o meu rosto como um pedido de perdão, sorriu, segurou a minha mão, e então voou ao limbo em vão. Dali o impossível me criou, e o êxito se lamentou. A minha paz era profunda, mas sequer entendida. Toquei o infinito vago, a vida é uma memória, o tempo é a melancolia, e a eternidade uma história. 

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