sábado, 29 de janeiro de 2011

E tudo até parece um anjo

E é como uma saudade de um tempo que ainda não passou. A tarde faz silêncio, a paz faz solidão, a intuição dá uma pausa ao retrato que reedita a promessa do acaso, é um instanteO agora e o infinito, o cansaço e o abrigo, a ida e a vinda, e por você todo o amor que houver nessa vida. 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Perfeito estranho

Saudade de momentos passados ou momentos futuros, lágrimas de plena felicidade ou sorrisos de desespero, falta de ar, vontade de tudo, graça de nada. Nostalgia daquilo que nem existe, sentir falta daquilo que persiste, mas ninguém se importa. As tragédias das horas nuas, nos mostram, sem insistir, tudo aquilo que é negado, tudo aquilo que vivemos, tudo aquilo que precisamos... mas que no fim vemos sem enxergar, sentimos sem sentir. Preferimos enxergar aquilo que é mais fácil ver e assim criamos razões para a criação que nunca foi criada, tentamos criar cores para enfeitar a vida e assim tornamos o vital bem mais complexo do que realmente é. Não é fácil entender ou explicar a vida, mas a beleza está absolutamente aí... não há o que ser entendido ou explicado.

E voltamos loucamente pela perda?

Respiro, apenas. Como todo o resto do mundo. Somos iguais até mesmo na forma e no motivo que damos para o ar. Vivemos para ocupar espaço no mundo e assim, de praxe, de lei, levamos a vida que, na verdade, nem faz tanta questão de existir. Tentamos achar refúgios nas coisas que criamos para dar motivo ao que nem utilidade tem, esquecemos daquilo que, sem ao menos saber, necessitamos. Tentamos achar utilidade em tudo, tentamos procurar significado para o mundo, tentamos viver de acordo, vivemos sem viver. É muito fácil encarar a vida e, como consequência, classificar a razão de tudo como Céu e Inferno. O único problema é que não vemos que isso, na realidade, não existe. Na verdade tudo depende de... tudo. Todo céu tem seu inferno, ninguém é feliz sem perder o ar, o chão, os sentidos... sem se desesperar, agoniar-se, apavorar-se. Se algo existe é inquestionavelmente inquestionável, apenas existe. É preciso lembrar que a vida não é bonita, a vida é bela e, sem querer dar satisfações, ela é constrangedora, um paradoxo. A vida é isso, tudo ou nada. Depende para que e pra quem.

Cale-se

"Pai! Afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue. Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta. Mesmo calada a boca resta o peito. Silêncio na cidade não se escuta. De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra. Outra realidade menos morta, tanta mentira, tanta força bruta... Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano, quero lançar um grito desumano que é uma maneira de ser escutado. Esse silêncio todo me atordoa, atordoado eu permaneço atento, na arquibancada prá a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa... Essa palavra presa na garganta, esse pileque homérico no mundo, de que adianta ter boa vontade, mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade... Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado. Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno, quero perder de vez tua cabeça, minha cabeça perder teu juízo, quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça."

sábado, 15 de janeiro de 2011

E então a alma compõe uma música para a vida acontecer.

Hoje o sol finalmente amanheceu... sorri tímida, até mesmo por me esquecer como se mostra quando se está feliz. Feliz.. na verdade eu até me esqueci como é isso. De certo, isso se dá pelo fato da grande ignorância da humanidade de tentar rotular como triste ou feliz exatamente tudo, desabilitando assim a já insana subjetividade humana. Adoro o amor, por mais que também seja uma grande bobagem. Nesse tempo onde não existe o tempo, tudo é uno, sem censuras, sem sentido, sem razão.. mas há dores e desejos... dores e desejos que são vistos de uma maneira demasiadamente esvaída. Nada é mais visto ou pressentido.. tudo é marcado, organizado, explicado, obrigado, padronizado. Até mesmo a vida que você decide amar, é assim.. você sabe exatamente qual é e porque a ama. Quase nada tem tanta graça, quase tudo virou fumaça e assim a vida vira... nada. Às vezes, em qualquer esquina nos encontramos, mas não é a mesma sensação que tivemos há 5 minutos atrás... tudo é mais chato, mais monótono. Aliás, tudo é e virou comum. As cores viraram preto, os lábios não traduzem mais o que o coração sente, o "amor" é uma grande regra e a felicidade, bem.. a felicidade virou vital, por mais que você não a tenha, você é obrigado à, pelo menos, fingir contê-la sem criticar ou questionar coisa alguma. Se for pensar pelo menos um pouco, veremos que a maior satisfação da alma seja talvez então morrer, por digna inoperância, por tudo que você jurou ou negou amar até o fim eterno. O amor não é nada mais que uma mera arte, e arte nunca foi algo entre um homem e uma mulher apenas.. na verdade, a arte é algo que existe simplesmente para não ser entendida, nem explicada.. a arte é viver, sem necessitar saber, em um momento continuo e bruto entre o amor e o ódio durante todos os segundos da vida escrita por lembranças do futuro, e só.

Relógio.

E então o sol da madrugada revelou a luz das estrelas.. podia assim ser um dia diferente, sei lá. Pois não foi. Foi o mesmo dia de tantos outros passados e de tantos outros.. dias. Fazemos listas, mas ainda bem que nada é como planejamos, nada acontece como queremos e nada está preocupado em querer acontecer como nossa vontade. Perguntas não tem respostas, respostas não respondem perguntas.. respostas não existem. O que recebemos são pistas, explicações, referências. Nada é mudo, nada é cego, nada é surdo. Mas também nada faz questão de dizer, tornar nítido, ou escutar nossas indagações. Tudo é nada ou, simplesmente, tudo. Procuramos pistas, significados, explicações, títulos para tornar a vida mais cômoda. Vida que está pouco se lixando. É difícil entender algumas coisas, e que bom. É bom saber que tudo tem vários sentidos, várias linhas entrelaçadas. É complicado entender algumas coisas que nem precisam ser entendidas. Sofremos por vontade própria e ainda sim pomos a culpa em uma força maior, porque? Porque é mais fácil. A arte dita e reedita a vida. E você, se reconhece no espelho passado ou na foto de agora?