Ao fim de tudo, por trás de um sorriso, a ilha não se curva e a vida... Ah, a vida tem dessas coisas.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Cale-se
"Pai! Afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue. Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta. Mesmo calada a boca resta o peito. Silêncio na cidade não se escuta. De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra. Outra realidade menos morta, tanta mentira, tanta força bruta... Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano, quero lançar um grito desumano que é uma maneira de ser escutado. Esse silêncio todo me atordoa, atordoado eu permaneço atento, na arquibancada prá a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa... Essa palavra presa na garganta, esse pileque homérico no mundo, de que adianta ter boa vontade, mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade... Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado. Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno, quero perder de vez tua cabeça, minha cabeça perder teu juízo, quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça."
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