domingo, 9 de outubro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Interlúdio

Ademais, ática era a flauta que espreitava as flores do mal polidas ao chão. Em quase um segundo, eu senti a brisa que tocava a astuta e pálida pele de Sísifo. Ente, a maior flor do mundo olhava anjo adentro, duvidando, em um impasse, de sua pureza. Olhos sujos de poemas, condenava o fúnebre arcanjo da vida. Seu olhar de náusea, repelia as coisas das palavras sem ênfase. O silêncio consolava o grito, o mudo medo soletrava o sol. O amor cigano fez uma flor nascer na rua. Debochada, era uma flor, nasceu desbotada. Sem dó, furou o asfalto, ignorou o ódio, declarou o nojo e encerrou o tédio, era uma flor.

Sinestesia

Lacuna, o abismo do infinito rompe a canção alta da minha vida. É um grito mudo, eu não posso escutar. Deve ser a saudade que só não mata, pois ama torturar. É duro não pertencer ao mundo em que vive, eu me pertenço, mas não me habito. Quem dera gritar a tristeza adiada, abafada. Você está tão longe que a tua sombra ainda me atormenta. Pudera eu explicar esse amor, mas não faço questão de lhe mostrar com pudor. Quão bela é a dor, é um óbito sem autor. A verdade da mentira, dita com fervor. O nó vela, desata as cores amargas. Um mar feito de silêncio, a lua ilumina o sol, o pejo, em tua voz torta, trama o drama em prol. 

Teor

Um dia a mais, estou me sentindo menos gente. Tem dias, que os meus dias demoram dias pra passar. Há quanto tempo ando com um olhar de ressaca, depois de tanto porre que levei durante esses infinitos anos. E é na embriaguez da poesia que eu escrevo como forma de amenizar a nostalgia. Escrever, escrever... e não chegar a nenhuma conclusão, eis a questão. Talvez seja pelo meu receio de traduzir palavras e, assim, materializar os sentimentos. Mergulho nas sombras de Edgar Allan Poe para salvar minh'alma. Um turbilhão de memórias me invade, rompem minha mente. Lembro de cada detalhe, mas já esqueci tudo. É tanta coisa, parece tão pouco, me basta tanto. Essa felicidade fria me consome, vivo na solitude. 

Pauta

À meia luz, era um anjo inocente, era uma dor evidente. Não sei o que o silêncio quis me dizer quando ficou calado. Às vezes eu não entendo o acaso, a vida me trai. O sol trouxe a melancolia, e nquanto isso, a sombra do passado me traz uma saudade de um tempo que ainda não passou. A noite é uma lembrança do devir, é o instante, a lua faz silêncio, a solidão acalma a minha pressa, é uma promessa. A chuva cai e não cessa nem ao aliviar a minha dor. O ritmo da tempestade me lembra o teu olhar ao regar a flor. Tenaz assim é a lágrima que sorri ao ouvir essa chuva cair sem fim. A chuva é uma alma a sonhar, sem ter que durar. E se chover demais, o que resta é chorar. Como será depois, o vento irá dizer. É lento, é o caos do pensamento. Esse momento não me deixa esquecer, o vento lembra você. Eu já sei de cor todo esse deleite, é o meu enredo, é um suspense. Por isso eu quero o nada... Dizem que nada, dura para sempre.

Enfermidade vital

Um troante sorriso, o tempo à flor da pele. A eternidade de uma história recende a vida de uma memória, história que desfaz o que refez. O amor contradiz tua postura sana, sem ao menos relutar. Um encanto depravado, enxuto, palavra maldita, repetida, mal dita... nem sequer profana o meu amor por você. Talvez eu diga palavras que dizem nada, promessas são feitas no ar. Não espero que acredite em qualquer palavra minha, nem eu acredito. No silêncio das cores, do fato eu duvido. Quão belo é o amor quando aflora, consagra a dor quando vai, ao infinito, embora. Respostas na mão, enfermo olhar. Não hesito a muda canção, o que cala fala mais alto ao coração. Enquanto há versos que condizem com a razão, a tua voz não emana sentido ao replicar, quando eu lhe digo que és o meu chão, minha vida, meu ar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A vida tá precisando viver, o amor precisa amar. O amor não é seguro, parece um nó, é só. Num quarto escuro, ao som de Chico, Cartola, Oswaldo, ou outra poesia qualquer..., o amor despele uma lágrima, declama a alma. No suor do céu estrelado, no meio do mato, com um violão do lado, para o amor, não há coisa melhor. O bonito do amor persegue o infinito, é inacabado, estragado, dança ao som da flauta da poesia. O amor despreza o que o mundo acredita, é o poeta da vida. Hoje a cidade acendeu, eu derramei a minha saudade, mas você, por maldade, não apareceu. Eu desabei a tempestade, acordei o dia, pálida luz da estrela-guia. Você é um ser indignado, de um riso amordaçado, e coração agoniado. Mas quem é você...? Dois olhos negros. 

domingo, 19 de junho de 2011

Utopia

Tempo de olhar para o chão, de viver com o relógio na mão. Tempo, onde nem o tempo tem tempo de esperar seu tempo. Um martírio, sentimos medo de sentir medo. Faço o cimento da minha poesia, sem ponto final, sem esperar a cura do mal. É um prefácio mal amado, um sentido inacabado.   
E o tempo passou, envelheceu. O silêncio é uma tortura, foi um adeus de ternura, alguma coisa se perdeu. Então a alma compõe uma música para a vida acontecer, as paredes dizem da rima, mas não é uma canção, é uma sina. Uma sina aflorada numa angustia sóbria, vasta, profunda e muda. As horas são eternas e o tempo envelhece. Mas enquanto a vida passa, eu procuro razão no ar que respiro, no medo que ainda não sinto, nas horas nuas, na nostalgia. E é no meu mundo, entre quatro paredes, que, na infinita madrugada, só existe amor e mais nada. 
A dor é inevitável, o sofrimento é opcional, o tempo passa com o tempo. Eu já pus tanto ponto final, que a minha vida virou reticências. Eu abjuro meu entender, como se eu entendesse algo. Escrevo para anunciar o sarcasmo: a esperança de que alguém me entenda.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Nostalgia


O meu sarcasmo é acerbo, minha ironia é mordaz. O meu carnaval chegou e, para quem duvidou, de tanto apanhar do mundo, eu aprendi a bater, e irei revidar. Você ama meus erros, e talvez eu te ame mais do que eu possa, talvez eu te ame menos do que eu deva, talvez eu nem te ame.

Escorço

Quero te amar menos, um amor em mim menor, desobjeto sereno que dorme no sereno do sol. Isenta luz infante, cala o canto distante. A minha existência é o quando, o quando no encanto do instante. A chuva caminha nua nas pedras da lua em um sonho dissonante. E será dia, lhe declamando poesia, que irei morrer te amando mais do que podia. 

domingo, 22 de maio de 2011

Sina

O poeta in verso de tua senda, no eco de suas palavras, discorda do amor, entre tanta dor. Entretanto queria dar a lua à flor antes que, como a vida, ela morra.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pena

Estou sempre aqui, mas não a todo momento. O tempo não traduz o infinito ais, é apenas um segundo do silente cais.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Estio, o vento anilado

O relógio remoça o tempo, conta as horas de um eterno mensurável. O coração da alma bate no ritmo dos ponteiros desencontrados. A deferida canção diz do olhar da eternidade desmaiada. Quão tolo dizer que a imensidão azul é infinita, o mar acaba logo ali, na fronteira da vida. O que me assiste, é olvido, não consiste. Daí a dádiva, sobreviver fingindo viver, ou viver jurando sobreviver. O fantasma da vida ainda perturba, vagando, implorando aos prantos que alguém grite um grito desumano, uma maneira do silêncio ser escutado.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Pragmático

Via-se na janela de madeira com cortinas de cetim. Ofegante, olhar despido, observava fugaz se erguer uma estranha folia que se entranhava errante em uma praça. A destreza das luzes penadas, belas ante o olhar da cegueira. Seu canto era o único lugar onde não era iluminado pela clara escuridão que emanava das sombras refletidas pelos confetes. Tampouco, como de costume, dormiu assim que o sol nasceu. Sonhos em sonhos, em um ímpeto de fugir ao mar, sem lembrar que um dia existiu em um lugar que nunca foi criado. Sonhos onde se jogava ao mar, um sublimado suicídio para ver se a vida dava qualquer sinal de vida. Acordava aos poucos com o barulho abafado da rua, mas continuava na vida do mar. E assim permanece até hoje, prefere morrer vivendo, do que matar a vida de morte morrida. Mas enquanto isso, o estandarte de carnaval é colorido com cores do mal. E assim como tua alma, o ser, em seu suicídio, renasce. A coincidência dos fatos, onde o fim se entrelaça com o começo. Onde o início "gera" e o fim lhe diz "já era".

domingo, 8 de maio de 2011

Cyro

Ademais, ática era a flauta que espreitava as flores do mal polidas ao chão. Em quase um segundo, eu senti a brisa que tocava a astuta e pálida pele de Sísifo. Ente, a maior flor do mundo olhava anjo adentro, duvidando, em um impasse, de sua pureza. Olhos sujos de poemas, condenava o fúnebre arcanjo da vida. Seu olhar de náusea, repelia as coisas das palavras sem ênfase. O silêncio consolava o grito, o mudo medo soletrava o sol. O amor cigano fez uma flor nascer na rua. Debochada, era uma flor, nasceu desbotada. Sem dó, furou o asfalto, ignorou o ódio, declarou o nojo e encerrou o tédio, era uma flor.

domingo, 1 de maio de 2011

Mortalmente insano

Até quando o conserto de uma voz calada? O pecado faz sentido até relutar, a alma ainda pode sonhar. Alma perdida de um mundo que recende a morte. Retiro minha mente do exílio, tento pensar, ser metade. Mas ao pensar, minto, contradito o que sinto. Uma rosa sangra com fervor, recita tua lamúria, no meio de um imane e atroz recinto. 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Flores

Mesmo com o refrão de uma flor, não há quem possa se esconder da solidão que emana de uma alma desarmada. Conheci a paz cortejando a insanidade da dor de um vinho derramado, o remorso do vento que não sinto. Vento que desenha no ar a aversão de um mundo desumano que sabe sobre tudo e não se espanta com nada, um equilíbrio subumano ante o caos de uma vida perturbada. Melancolia e um pouco mais, feito um nó cego que nunca desfaz. Somos a resposta exata para as perguntas feitas pela metade, ternos sinais de um Deus insano subestimando uma oculta realidade. O disfarce revela o coração do mar no abismo do devaneio de um olhar. Um sorriso no meio do deserto, no brilho de um acaso certo que dispõe do descaso quando a noite chega a sua existência, que por essência se foi quando a lua se pôs. Na canção você cruza fronteiras tentando imaginar um tempo que a muito tempo a poeira levou.

De duas uma

Escute o silêncio, que por cego ficou mudo. Sinto e ouço teus mais ocultos sentimentos e apuros. O tempo é uma criação da fantasia, anos demoram um segundo, um segundo demora anos. O restante da eternidade traduz a leveza de uma angustia sob o pôr-do-sol da tempestade. A poesia do desatino se torna pura e ingênua aos céticos olhos de quem sonha ante a lua. Não perdure minha dor, meu poema já virou amor.


Por três vezes me ajoelhei

Pode ser realmente estranho, mas eu vi pedras rindo para as paredes na noite de um mesmo luar. Desde esse segundo, o tempo se tornou um obsoleto relógio que marca uma eternidade. Eu só sabia que não sabia como é saber exatamente o que se sabe, é infame. Era um mar dotado de beleza e confrontos entre elos seduzidos de contrários nefários. Naquela hora não existia verdade nem mentira, só havia um eloquente relativo de um absoluto que não era visto por ninguém do salão. O seu coração batia rápido, ia em direção ao porto sob uma bruma impiedosa. Ainda no salão eu olhava a minha volta, havia pessoas conversando com alto tom de voz. Eu olhava a minha volta e escutava uma melodia que ninguém ouvia, ouvia palavras que ninguém dizia. Eu estava louca? Não, era o meu coração recitando uma poesia que declamava algumas flores insólitas. Meu coração me dizia que estaria ao meu lado por toda vida. Sete dias e sete noites sonhei, a fim de esquecer minhas desventuras. A solidão ainda se atrevia a desejar e o desejo ainda ousava em existir. Talvez eu ache quem me cure, alguém que vem em um barco sem vela nem remos. Estava por vir em um mar à revelia. Pela manhã o sol era frio e errante, o ar tremia. Tampouco a felonia daquela manhã pálida rompeu o dia e então a noite despontou. O clamor da lua alegrava os olhos de quem contava estrelas sob sua luz. A noite não é triste como dizem por aí. Quem ignora o anoitecer, ao contemplá-lo sente uma paz extrema que o sol não traz. A minha vida se resumia naquele momento, o rumor ecoava pelo recinto. Era um esplendor de misericórdia de um arcanjo mal amado, a sátira de um Êxodo maldito, mal dito. Eram palmas em coro igual quando um cantor magnífico sobe ao palco. A platéia dos meus olhos estremecia de desprezo. É uma cruel alegria e uma angustia sem fim. Minha voz estava em silêncio, alheia a tudo, em êxtase. Lastimei exasperada, aquele amor e afeto que tomava o meu coração doía mais que o ódio. Não culpo quem ama, mas me atormenta o fato de que, assim como a morte, o amor também é fatal. 


O artista e sua lâmpada

Garanto que não garanto nadaDependo de alguém, mas nada garante que ir adiante é o melhor destino. Queria saber quem é o nada, já que o nada é alguém. O martírio onisciente alude a lucidez à flor da pele. Messias me disse que o juízo final era logo na esquina, e foi. Por um momento o impulso me expulsou da história que levo na mão. Foi um tempo de doçura fel que por desventura caiu no abismo da decadência do equilíbrio sereno entre a vida e a morte. Eram lembranças de memórias que não existem. A saudade é muito sublime, o que eu sentia era um egoísmo enorme da minha parte. No meu sorriso nasceu uma flor cuja a unica pétala que restava estava escrito em sangue: "A solidão é um muro entre dois jardins". A angustia era da primeira vista, o diabo ainda era um anjo. Eu pensei com o coração, mas à nenhuma razão cheguei. O meu coração é um ladrão. A canção me citava a utopia de um sonho consumado. Eu só conseguia enxergar sorrisos à minha volta, sorrisos que me guiavam a um mundo obscuro de uma escuridão que de tão clara cegou meus olhos. O riacho de pedra guiava ao outro lado do jardim, mas não me conduzia. Escalei e me sentei no topo do grande muro. Me deparei com um reino distante, onde o amor era seu reinado. Era um rei mal coroado e não sabia que de tão cansado já morria. Minha coragem não me deixava seguir em frente, fiquei observando. Se passou uma eternidade, desci daquele gigante muro. A triste despedida teve medo ao partir. Veio-me recordações de momentos que parei para observar, algo que nunca tinha feito. Narrei a minha história por um momento. Minha mente refletia em aguas correntes que erros sempre repetem, pois nunca deixam de ser erros. Errei ao acreditar no que acreditei, ao olhar para a lua que já olhei, ao amar quem eu já amei. Voltei pela sombra de algumas árvores. Segui uma trilha que por instinto tive que trilhar, pois era tão escura que mal podia enxergar. Aquela escuridão iluminou a minha doente alegria de uma melancólica melodia que recitei noutro dia. Lágrimas se lamentavam pelos cantos da floresta e por fim a paz deu emboscada à fuga de um sonho mal sonhado. Amanheceu, o sol me trouxe um sorriso. Um riso que nem eu sabia que ainda existia. Eu devia estar alegre e satisfeita, mas acho que tudo que há de belo virou uma insípida piada. Atravessei alguns pântanos e descobri em calmos cumes um diamante tolo. Cheguei então a uma estrada bifurcada. Enxerguei inúmeras sombras espelhando estradas que já passei. 


domingo, 17 de abril de 2011

Enquanto o sol nascer, a lua vai brilhar

O dia mentiu a noite, a saudade não sentia mais o instante. O vulto daquela sombra era um postulado de fraqueza, tristeza, e que seja. Uma sombra da vida, uma alma maldita. Era simples, serena e sem delonga. Dizia frases curtas, enquanto andava sobre a terra molhada pela chuva. Sentia o vento destruir teu corpo, a estrela iluminava seu rosto. Como um abraço terno, o mais belo momento, um adito templo. Emanava ali um sentimento imperfeito, a aflição inútil. Primeiro podia ser um sonho, talvez. Em seguida se precipitou em realidade, e secretamente almejei algo que nunca existiu. Aquela sombra era um devotado corpo sem alma. Um axioma profundo por fora, e em decadência suprema por dentro. Em sua mente passou-se uma lamúria condenada, um pensamento frenético. Mas o pensamento trai as palavras, desperta a rosa pálida que sangra só e inválida. Um imenso declínio, o anjo da morte morreu em meus braços. Eu o carreguei no colo, mas não havia caminho. Uma loucura constante me levou à direção contrária. Meu passado sussurrou uma santidade, um buraco no espaço do tempo. Implorei que deixasse cair a lágrima inerte. Vaguei em direção ao vazio infinito. O amor era a unica força que restava. Infame, essa força é um exílio da solidão, ou não. Então o dragão incessante do céu devorou os medos eternos. Na catedral, o senhor do mundo acendeu uma vela ao anjo, mas o suspiro da morte apagou-a. O fogo da vela sufocou o coração e quebrou a mentira em pedaços. O resto da vida continuava sem respostas nem verdades. A inocência derreteu, e a hora negra me arrepiou. A vida clamou um mísero grito, sendo apenas um pretexto do que era pra ser. Outrora, a morte respirou mais uma vez. As asas do anjo se abriram, soprou o meu rosto como um pedido de perdão, sorriu, segurou a minha mão, e então voou ao limbo em vão. Dali o impossível me criou, e o êxito se lamentou. A minha paz era profunda, mas sequer entendida. Toquei o infinito vago, a vida é uma memória, o tempo é a melancolia, e a eternidade uma história. 

sábado, 9 de abril de 2011

Dispenso

O amor só é imortal quando aprende a morrer. E era sempre, sempre o mesmo novamente, a mesma traição. Eu tentei me entregar a outras paixões, mas não existe paixão. É do amor que sinto falta, do seu amor e mais nada.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Quase sem querer

Numa alma, uma vida. Encanto e magia, quantas e quantas vezes eu tento lhe dizer o quanto eu amo você. Talvez eu diga palavras que dizem nada. Promessas são feitas no ar, ditas por quem ama o amor. É uma saudade do que não foi, depois do adeus em uma eternidade temida, mas amar como eu te amo é só uma vez na vida.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Belo incerto

São tantas historias para contar, nas quais não se conta o que se sente. Enfim é o retrato que condena um tempo poente ao traduzir a cor da brasa. A minha alma dorme profundamente no exílio, onde sonho em viver de amor e palavra. 

domingo, 20 de março de 2011

Boneca de pano

A voz era suave e ternas eram as palavras. Mútua ternura que restituiu um desígnio enternecido. Como convém, rendeu-se à tempos mais remotos que este. Estava tudo desolado, em pouco tempo eu senti a sua falta e então me lembrei da sua inexistência. A alma encantava as ruas, o pobre louco morria de amargura embaixo da chuva. O relógio da catedral enfim marcou meia-noite, a triste estátua de mármore chorou. A lua se ocultava numa nuvem escura, calou-se a flauta do mendigo. Aquele homem digno olhou para a catedral e zombou-a com um riso de escárnio satânico, de pobre artista. Escarneceu debochando como o ardor de um fogo julgando outra vez. Sentou-se na calçada e para a chuva caindo olhou. Lembrou-se de um amor perverso, maldoso e invalido. O amor tem lábia, fazes penar ao som de magos decantes. É chalaça, é cantiga de mau trovador. Eu vivia como aquele mendigo. Aquela flauta era a poesia ideal. Eu amei sem ser poeta, fui louca, pequei, fiz mal. O desatino me faz recordar de um tempo que ainda não passou. Tudo a minha volta transmite ódio, tudo a minha volta emite amor, tudo a minha volta me causa dor. O jeito é cantar pela mata pra ver se endireito a minha vida, vou deixar as serenatas malditas. Se eu pudesse desfazer tudo aquilo que está feito, só assim o amor seria contrafeito. A chuva enfim acabou na noite sonorosa, o luar era bonito se visto do alto da serra. Era um momento, era um céu estrelado, era um homem com a sua viola e uma morena do lado. Mas há quem entende o amor. Sabe lá e quem será? Até hoje eu tento encontrar explicação, mas não há. Você se engana perante indecisos caminhos dessa vida cigana. Pedi para a estrela do tempo ensinar-me a sonhar, mas tudo é tão ofuscado quanto dizer que o pôr do sol sempre será a mesma lua. O amor é cinismo, palavras e silêncio. O maior sarcasmo de todos os tempos. Tentamos encontrar respostas para a vida, mas a vida está na flor, a vida é sorrir ao lembrar-se de um sorriso, é amor. Mas não confundam o amor com extremos, afinal o bem e o mal morrem no final. No corredor da noite daquela cidade silenciosa, emanava novamente a flauta do mendigo que a lua calou. Observei mais um pouco aqueles trechos da vida de uma vida esquecida. Voltei para casa, a luz era farta pela fresta da porta entreaberta. Na minha cômoda, o retrato antigo do seu sorriso envelhecia comigo. Eu enfrentei a insônia naquela noite, eu pus à prova minha resistência, tive que fingir o que não sentia, mas a minha alma abstrata ainda é tudo que me resta. Aqueles trechos desolados deixaram-me apenas sofismas, o resto você calou. Mas teu oculto sorriso ainda é a minha sina, a minha trova. O sonido das ondas era manso, o vento sonegou que descalço caminhava à beira da praia. O sol renasceu e brilhou sob aquele tenebroso alarido. A melancolia cessou suavemente, as minhas mãos caíram inertes sobre o manto ainda fremente. Dormi então. Sonhei com uma lembrança que me recordava uma verdade, lembrança que o sonho me trouxe sem dó nem piedade. O sonho dizia astuciosas palavras sobre o dom de ler nas estrelas. Entre cânticos de alegria, o amor à repugnância. Na verdade eu nada entendia o que sonhava, mas continuei clamando um mísero delírio. Só compreendia que tinha um sonho na mão, mas não sabia sonhá-lo, eis a questão. Depois de infinitas horas, o sino da catedral  tocou, mas continuou mudo. Acordei do sonho e continuei a sonhar que descalça fui novamente dar bom dia ao sol, ao som da flauta daquele mendigo. 

A nuvem

E o tempo passou, envelheceu. Foi uma nuvem que o vento soprou, escondeu. O silêncio é uma tortura, foi um adeus de ternura, alguma coisa se perdeu. A madrugada então chegou, o sereno caiu. A noite é inusitada, a poesia da madrugada senta ao meu lado sem dizer nada. Em silêncio ela me conta uma história, um encontro ao desconhecido. Convence-me sobre a estrada da vida, com passos no chão da jornada em uma trilha infinita. Há um silêncio atroador em mim, e é a partir desse troante que eu retiro minhas palavras. No tempo, no espaço, no descompasso do intervalo entre o dia e a noite, o nada, às vezes, me faz companhia e ainda me sinto como se estivesse plena de tudo, talvez assim seja. A noite me fez e, assim como o luar, do mundo afora eu faço pouco caso. O mundo eu não entendo, vendo que a vida está se esvaecendo. É preciso olhar para ver e ter alma pura para entender. E assim talvez nada faça sentido, ou talvez tudo faça sentido algum. A vida é uma escritora dramática e caótica, e seja lá o que for declarar, mesmo sendo mentira, eu acredito. Eu quero viver no sertão à beira mar, vendo um álbum de retrato que eu já cansei de olhar. A vida é isso, não tem segredo, só mistério. Um mistério que traduz um tempo no espaço, um anseio edípico, uma estrada real, enquanto a louca fantasia cristaliza a eterna nostalgia de um lugar surreal. A existência é o melhor e o pior de mim, ao meu redor é deserto e tudo ainda está tão perto. Até o meu céu está tão longe, que me incomoda a sua companhia. O meu céu fica em cima do teto, tem as quatro estações, mas não o enxergo. Na janela venta, o vento devora o breu. A ventania sopra a areia, parece um tempo que se esqueceu. Então a alma compõe uma música para a vida acontecer, decompõe versos em pedaços interpostos, versos mal ditos. As margens dizem da rima, mas não é uma canção, é uma sina. Uma sina aflorada numa angustia sóbria, vasta, profunda e muda, a lenda. É uma beleza insincera, demasiadamente bela. É um olhar ofuscado, e enfim a vida me sorri. Não quero que o dia venha, não quero uma madrugada no fim da estrada... assim eu só teria amor, amor e mais nada. Cada hora teria seu encanto, sem bonito nem feio. Ao vento cálido, as pétalas cobrem o leito. Os olhos marejam as nuas flores inertes ao chão. O silêncio ainda está lá fora, o seu olhar demora. É magia, olho a olho e nada a falar. O pôr-do-sol me traz seu olhar antes e seu sorriso depois. É profano, o olhar abafa o grito. Um amor que eu guardo no peito, jamais sentido. O belo me recorda poemas que declamei a vida, até que encontrei você naquela esquina. As horas são eternas e o tempo envelhece. Mas enquanto a vida passa, eu ainda procuro acreditar naquilo que duvido,  ainda busco a razão no ar que respiro, no medo que eu ainda não sinto, nas horas nuas, na felicidade, na nostalgia. Ao fim eu nada encontro, sempre acho você no meio de tudo. Eu te amo, e no tudo você é a minha insana paz, o meu mundo. 

sábado, 19 de março de 2011

Ávido

Foi inesperado, um sonho talvez. Uma pureza imensa como a ilusão de uma criança ao olhar desenhos feitos de algodão no céu. As flores eram de todas as cores, os pássaros de barro ainda descansavam na estante, as letras eram tão claras que se misturavam ao papel branco naquele instante. Por desamor, o céu estava azul, não tinha nuvens, estava estranho. Minha fraqueza bateu novamente ao olhar aquele céu claro e infinito. O firmamento azul me lembra dor, me lembra do mesmo velho chão, dos mesmos velhos medos. O céu é a minha vida, uma vida feita de nuvem. O azul é uma miragem, é dissimulado. Acho graça das pessoas ao verem um céu assim. Ficam por horas olhando, a respiração é contínua. Novamente, da vida, eu só escuto o silêncio e continuo lendo as letras ocultas do papel branco, por horas de um tempo pleno.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Lua cheia

A voz é da flor, nunca vi mais eterna. Mas não ouvir a voz daquele tempo ainda me desespera. Cidades adormecidas, um trem de ferro ainda passa pela estrada deixada para trás. E foi no fim do dia que meus olhos brilharam ao olhar àquela lua, tão linda. Só eu andava pelas ruas olhando para cima. Impressionam-me as pessoas que andam ao meu lado, olhando sempre para baixo, com medo de cair, de certo. Não entendo, nem flores enfeitando há mais no chão, não há razão. Dá-me a tua mão, e então lhe farei olhar para a escuridão da noite, é inexpressivo ao coração. A noite insincera, é a lua, são estrelas, é bela. É mais clara que o dia, a luz do luar ilumina mais que o sol quando toca o ar. Queria dar a lua a alguém antes que, como a vida, ela morra. 

quinta-feira, 10 de março de 2011

A cor da letra

A vida é promíscua e divina. Fascina-me a tentação com a sua aptidão de me seduzir e sempre me fazer cair em sua sedução. É o defeito que dá beleza à perfeição, é o defeito que sustenta um céu inteiro. O coração é selvagem e a solidão é uma grande viagem. Pandora é a vida quando não quer revelar o seu mistério. Anjos e demônios são a mesma pessoa, essa é a verdade.

À fronteira

Não quero ser percebida. Eu falo baixo, sem a intenção de ser ouvida. As pessoas a minha volta são de um planeta solitário que precisam fazer o mundo girar ao contrário. No mais, a vida é visionária. Mas o mundo diante ela ainda é como fazer um cego enxergar as cores da sua cegueira.

quarta-feira, 9 de março de 2011

O segredo diz traído

Tem gente que não sabe amar, tem gente que vive a venerar. São tantas mentes asseadas que pensam tudo pela metade. Tudo que vivemos não passa de um sonho dentro de outro sonho. Da alegria nasce a tristeza, a lembrança feliz do passado é a angustia de hoje, a agonia tem origem do êxtase de um amor que está longe. Não acredito em nada que me falam, prefiro continuar enxergando o que só eu vejo, vivendo a vida pelo avesso e me encantando ante aquilo que todos desprezam. Prefiro amar a vida sem enfeites, sem postura. As pessoas me condenam, tenho um traquejo laico e dramático que me deixa assim, sem ter moral nesse mundo vago. Não existo em vão, não tenho a fé que inventam em ter para ter algo a crer. Eu não entendo as coisas, só digo palavras sem nexo, me traio em memórias, me contradito durante a história... Nesse mundo, o meu egoísmo é tão egoísta que o meu apogeu é querer ajudar. Na minha vida não existe carnaval, não existe resposta e nem espero a cura do mal. Vim de lugar nenhum, minha história é de quem quiser e cruzar o caminho. Um anjo contempla minha vida, mas não sei quem sela meu destino. Eu guardo o meu segredo dentro de um olhar vazio e espero o mundo girar na direção que o vento mandar. Mas eu não sou tão ingrata assim, eu aparto a quarta-feira para rezar pelas cinzas que as ondas irão levar.  

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Heráclito


Outra vez, foi como se o meu equilíbrio se esvaísse. Aquela mesma toada me fazia refém no último instante. Era o meu ódio pelas flores, em um recinto. Passei algumas horas admirando meu fiel desespero antagônico. Meus olhos estavam embaçados, minha angustia procurava consolar o meu medo. Oscilei e tentei em vão dispersar a ausência que me atormentara por um momento eterno. Eternidade que conduziu a um anúncio final. Decifrei sinais de uma vida inteira ao contrário, onde metade da alma quer matar e a outra metade quer morrer, onde em prantos o coração morre de inoperância e continua vivendo, onde prevalece o óbvio de estar no meio de bilhões e ser só. Observei com atenção e supliquei como um poeta citando sua prece. Eis assim, surgiu uma luz clara da qual eu não consigo me lembrar da cor. Claridade que me recordou a inocência de quem diz que o sorriso é a melhor cura e o amor de um anjo é o mais puro. O mistério envolvia a convicção de um fogo permanente, feito um limbo no olhar da serpente. Compreendi que nada entendia daquilo que se passava em minha frente. Discerni apenas a hora que o relógio marcava novamente. Aquele momento me pôs a duvidar de muitas respostas que eu pensava existir. Imaginei-me como um riacho que em mente e pele se passam tantos reflexos e olhos, que mal consigo olhar para os olhos que vejo e muito menos sentir o calor e o vento que me tocam. Outros momentos como esse se repetem e dão existência ao fato descarado de que tudo é um épico erro do engano. Não existo nesse mundo e à nenhuma teoria coexistente para a origem do universo me encaixo, vim de Éfeso. 

sábado, 29 de janeiro de 2011

E tudo até parece um anjo

E é como uma saudade de um tempo que ainda não passou. A tarde faz silêncio, a paz faz solidão, a intuição dá uma pausa ao retrato que reedita a promessa do acaso, é um instanteO agora e o infinito, o cansaço e o abrigo, a ida e a vinda, e por você todo o amor que houver nessa vida. 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Perfeito estranho

Saudade de momentos passados ou momentos futuros, lágrimas de plena felicidade ou sorrisos de desespero, falta de ar, vontade de tudo, graça de nada. Nostalgia daquilo que nem existe, sentir falta daquilo que persiste, mas ninguém se importa. As tragédias das horas nuas, nos mostram, sem insistir, tudo aquilo que é negado, tudo aquilo que vivemos, tudo aquilo que precisamos... mas que no fim vemos sem enxergar, sentimos sem sentir. Preferimos enxergar aquilo que é mais fácil ver e assim criamos razões para a criação que nunca foi criada, tentamos criar cores para enfeitar a vida e assim tornamos o vital bem mais complexo do que realmente é. Não é fácil entender ou explicar a vida, mas a beleza está absolutamente aí... não há o que ser entendido ou explicado.

E voltamos loucamente pela perda?

Respiro, apenas. Como todo o resto do mundo. Somos iguais até mesmo na forma e no motivo que damos para o ar. Vivemos para ocupar espaço no mundo e assim, de praxe, de lei, levamos a vida que, na verdade, nem faz tanta questão de existir. Tentamos achar refúgios nas coisas que criamos para dar motivo ao que nem utilidade tem, esquecemos daquilo que, sem ao menos saber, necessitamos. Tentamos achar utilidade em tudo, tentamos procurar significado para o mundo, tentamos viver de acordo, vivemos sem viver. É muito fácil encarar a vida e, como consequência, classificar a razão de tudo como Céu e Inferno. O único problema é que não vemos que isso, na realidade, não existe. Na verdade tudo depende de... tudo. Todo céu tem seu inferno, ninguém é feliz sem perder o ar, o chão, os sentidos... sem se desesperar, agoniar-se, apavorar-se. Se algo existe é inquestionavelmente inquestionável, apenas existe. É preciso lembrar que a vida não é bonita, a vida é bela e, sem querer dar satisfações, ela é constrangedora, um paradoxo. A vida é isso, tudo ou nada. Depende para que e pra quem.

Cale-se

"Pai! Afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue. Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta. Mesmo calada a boca resta o peito. Silêncio na cidade não se escuta. De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra. Outra realidade menos morta, tanta mentira, tanta força bruta... Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano, quero lançar um grito desumano que é uma maneira de ser escutado. Esse silêncio todo me atordoa, atordoado eu permaneço atento, na arquibancada prá a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa... Essa palavra presa na garganta, esse pileque homérico no mundo, de que adianta ter boa vontade, mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade... Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado. Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno, quero perder de vez tua cabeça, minha cabeça perder teu juízo, quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça."

sábado, 15 de janeiro de 2011

E então a alma compõe uma música para a vida acontecer.

Hoje o sol finalmente amanheceu... sorri tímida, até mesmo por me esquecer como se mostra quando se está feliz. Feliz.. na verdade eu até me esqueci como é isso. De certo, isso se dá pelo fato da grande ignorância da humanidade de tentar rotular como triste ou feliz exatamente tudo, desabilitando assim a já insana subjetividade humana. Adoro o amor, por mais que também seja uma grande bobagem. Nesse tempo onde não existe o tempo, tudo é uno, sem censuras, sem sentido, sem razão.. mas há dores e desejos... dores e desejos que são vistos de uma maneira demasiadamente esvaída. Nada é mais visto ou pressentido.. tudo é marcado, organizado, explicado, obrigado, padronizado. Até mesmo a vida que você decide amar, é assim.. você sabe exatamente qual é e porque a ama. Quase nada tem tanta graça, quase tudo virou fumaça e assim a vida vira... nada. Às vezes, em qualquer esquina nos encontramos, mas não é a mesma sensação que tivemos há 5 minutos atrás... tudo é mais chato, mais monótono. Aliás, tudo é e virou comum. As cores viraram preto, os lábios não traduzem mais o que o coração sente, o "amor" é uma grande regra e a felicidade, bem.. a felicidade virou vital, por mais que você não a tenha, você é obrigado à, pelo menos, fingir contê-la sem criticar ou questionar coisa alguma. Se for pensar pelo menos um pouco, veremos que a maior satisfação da alma seja talvez então morrer, por digna inoperância, por tudo que você jurou ou negou amar até o fim eterno. O amor não é nada mais que uma mera arte, e arte nunca foi algo entre um homem e uma mulher apenas.. na verdade, a arte é algo que existe simplesmente para não ser entendida, nem explicada.. a arte é viver, sem necessitar saber, em um momento continuo e bruto entre o amor e o ódio durante todos os segundos da vida escrita por lembranças do futuro, e só.

Relógio.

E então o sol da madrugada revelou a luz das estrelas.. podia assim ser um dia diferente, sei lá. Pois não foi. Foi o mesmo dia de tantos outros passados e de tantos outros.. dias. Fazemos listas, mas ainda bem que nada é como planejamos, nada acontece como queremos e nada está preocupado em querer acontecer como nossa vontade. Perguntas não tem respostas, respostas não respondem perguntas.. respostas não existem. O que recebemos são pistas, explicações, referências. Nada é mudo, nada é cego, nada é surdo. Mas também nada faz questão de dizer, tornar nítido, ou escutar nossas indagações. Tudo é nada ou, simplesmente, tudo. Procuramos pistas, significados, explicações, títulos para tornar a vida mais cômoda. Vida que está pouco se lixando. É difícil entender algumas coisas, e que bom. É bom saber que tudo tem vários sentidos, várias linhas entrelaçadas. É complicado entender algumas coisas que nem precisam ser entendidas. Sofremos por vontade própria e ainda sim pomos a culpa em uma força maior, porque? Porque é mais fácil. A arte dita e reedita a vida. E você, se reconhece no espelho passado ou na foto de agora?